O CIO DO BARRO
Entre o cio e a terra,
deito dedos no barro,
moldo, remexo e afago,
o húmus que este encerra.
Entre o cio e o mar
subo ondas, desfio,
fio a fio, o tear
do meu imenso fastio.
Entre o cio e a noite,
a erecção é um falos de terra
e o mar como num açoite,
explode no rosto de quem berra.
E o barro assim, já suavizado,
empresta ao momento,
o seu traço imortalizado,
nos dedos do meu alento.
Jorge Humberto
(18/12/2003)