Gelada
Eu viajo vendo o sol a pino
e é frio
Adivinho um mar gelado
Um rio sem corre-corre,
espelhado
tudo verde fica marrom
fica até amarelado
Não tem flor, nem fruta,
tudo abotoado, abotinado
Porta a dentro, revoada de casacos
disputam cores com gorros e cachecóis
Um festival do eterno... invernal
Impressão que dá ao pegar a cerveja
é que se vai congelar. Gelada!
Nada, não: vem no ponto... um encanto
O meu prato é uma bock e um pão preto
a mostarda parece cocô de nenê
e ardida feito pimenta malagueta
aguenta chiru, que a entrada é nada
problema maior vai ser a rima rica
É isso ou batata ou chucrutes,
ou à la carte e bife a 100 dólares...
nem que tomasse todos os porres.
Com essa grana viajo uma semana.
Tivesse tu junto di ni mim,
esquecia tudo e aquentava
também por fora
mas nem vens, nem ficaste de vir
só recebo uns tais de küse.
Volto já... eu penso.
Depois um vinho me pega pelo pé
e a polka solta meus quadris
e a cabeça roda e o torso sacoleja
e se vai de passo em passo
na dança e no compasso dum freje
passando do frio pro aquentado
e que tudo mais vá pro Roberto.
Se quer se dar, se dá, se não
não se dê, se quer-se ter,
que se queira se não senta e chora...