Gelada

Eu viajo vendo o sol a pino

e é frio

Adivinho um mar gelado

Um rio sem corre-corre,

espelhado

tudo verde fica marrom

fica até amarelado

Não tem flor, nem fruta,

tudo abotoado, abotinado

Porta a dentro, revoada de casacos

disputam cores com gorros e cachecóis

Um festival do eterno... invernal

Impressão que dá ao pegar a cerveja

é que se vai congelar. Gelada!

Nada, não: vem no ponto... um encanto

O meu prato é uma bock e um pão preto

a mostarda parece cocô de nenê

e ardida feito pimenta malagueta

aguenta chiru, que a entrada é nada

problema maior vai ser a rima rica

É isso ou batata ou chucrutes,

ou à la carte e bife a 100 dólares...

nem que tomasse todos os porres.

Com essa grana viajo uma semana.

Tivesse tu junto di ni mim,

esquecia tudo e aquentava

também por fora

mas nem vens, nem ficaste de vir

só recebo uns tais de küse.

Volto já... eu penso.

Depois um vinho me pega pelo pé

e a polka solta meus quadris

e a cabeça roda e o torso sacoleja

e se vai de passo em passo

na dança e no compasso dum freje

passando do frio pro aquentado

e que tudo mais vá pro Roberto.

Se quer se dar, se dá, se não

não se dê, se quer-se ter,

que se queira se não senta e chora...

Juli Bauer
Enviado por Juli Bauer em 23/03/2009
Código do texto: T1501297