SURREAL II
E o tempo passa irremediável, sem
tempo para o tempo. Vai na vanguarda
dos dias, que passam, deixando-nos,
quase sempre, a meio caminho, de nossas
realizações mais prementes.
É um relógio absurdo e sem condescendência,
preconizando um velho puzzle verosímil,
um constante engano supérfluo,
onde o pensamento nada garante, senão
a frustração do irrealizável.
Apressadas as pessoas, nem se dão conta,
do quanto é insustentável, viver-se assim,
presas ao algoz das responsabilidades, que não
lhes reserva descanso nem o melhor dos
discernimentos, ante a mudança da temperança.
Esquinas com seus degraus, cheios de verdete,
acabam por ser o caminho mais directo, para
acolher a frustração, que não sofreu luta, em contra
ponto, com a arrogância do monstro, que nos testa
a toda a hora.
Resta lutar incansavelmente e jogar tudo, para trás
das costas! Chamar Dionísio e Baco e aprendermos a
divertirmo-nos mais, sem lobos nem bruxas inconsoláveis,
num enredo frustrante, de superstições e preconceitos,
tornando-nos muito mais frágeis, para a nossa vida.
Jorge Humberto
19/10/08