SURREAL

Desvaneceram-se os últimos segredos,

segregados nas fímbrias do tempo, por entre

frestas, da madeira antiga, carcomida, por

gritos surdos, nunca antes aqui ouvidos nem

entendidos, que os ventos não deixaram

perceber, no seu corrupio agreste, a Levante.

Pés descalços, por sobre a areia, da praia,

tudo se torna mais nítido, à medida que as

ondas vão e voltam, num ritual diário e

sistemático, onde só a natureza tem voz activa.

Cavalos de espuma e galgos, expressam sua

vontade de mar e de areia; estranhas sombras

à beira-mar, descanso para olhos cansados.

Desvendado o subtil segredo, soubemos

chegada a nossa hora, e, em grato alarido,

mergulhamos nas ondas, buscando o líquido

materno, nos quadros antigos, com pregos

na parede.

Jorge Humberto

16/08/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 17/08/2008
Código do texto: T1132326
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