Mutação da vida
Imagens velhas vêm brincar comigo,
Nós saimos e corremos,
Eu ri mais uma vez com elas,
E ouvi as gargalhadas,
Que me faziam cócegas aos ouvidos.
Cócegas às vezes são desagradáveis,
E nos irrita, nos faz gritar de raiva.
Cócegas às vezes nos convêm,
Para tirar a dia da monotonia.
Imagens antigas me lembram o toque,
O toque sereno da amizade,
Do olhar que entende sem perguntar,
Da vontade de abraçar do nada,
O toque da imagem que me diz amar.
Amar um amor diferente de amar,
Amar sem precisar.
O olhar calmo, e puro de quem sabe ler,
Quem sabe ler o olhar do outro.
Ou quem sabe reconhecer no outro
A transparência necessária
Que de tal importância
Se diz para a sobrevivência.
As imagens revisadas me revelam
A harmonia entre os olhares, gestos e palavras,
Como se quem os ouvisse já soubesse que os iria escutar.
As imagens me trazem uma celebridade
A tão falada e famosa solidão na multidão.
Diz-se que ela é amiga da utopia e da nostalgia.
A lembrança, sua maior aliada.
A máquina imensa das imagens ao nosso redor muda,
As imagens envelhecem, e os filmes mudam,
Trazendo sensações esquisitas a quem ouve a velha imagem rir.
Depois de um tempo a imagem já não será lembrada.
Mas um dia existiu.
O tempo que precisou para ser feita,
Não deve ter levado mais que segundos,
Mas foi feita com tanto amor e espontaneidade,
Quanto um dia levou para ser lembrada.