UTOPIA ...

Um dia, o poeta fez um poema da sua vontade

e o lápis do poeta

era tal qual o dedo da bondade

numa auto-biografia.

Que esperanças vãs ! Que ingenuidade:

eu queria ... eu queria ...

Que pássaro perdido, a empurrar o mundo

só com a força da fé,

num esforço titânico profundo,

sem apoiar o pé !...

E ele sonhou com a luz, e ele augurou a paz,

mas não pôs luz na treva, nem desfez a guerra.

Fez um poema todo de “eu queria”,

mas aquela utopia

não se fez, nem se faz!

........................

No outro dia, o poeta acordou

do grande sonho dos desejos bons,

e o homem comum que estava nele

recebeu a mensagem de bondade

que o poeta mandou,

e sorriu com o espírito acordado,

estúpido e desencantado

dos homens comuns !

Ah! A grandiosidade da vontade do poeta:

eu queria ... eu queria !

Oh! A pequenez de espírito dos homens comuns:

utopia ... utopia !

Élton Carvalho

Élton Carvalho (em memória)
Enviado por Élton Carvalho (em memória) em 21/03/2008
Código do texto: T911175