Âmagas recordações sobre Jygandyo

Jygandyo

Lembro-me do primeiro dia que vi Jygandyo

Foi como cair num precipício infindo

Seu ser ondulado e cabelos negros

Atraiu-me como um pequeno meteoro

A se despedaçar sob força de buraco-negro

E tudo isso com prazer, é preciso dizer,

Jybs, apesar dos lustros já passados

Jamais me fez mal, apesar da dor,

Do desprezo, da falta de amor, digo,

Jybs jamais mal algum me fez,

E hoje, como outros olhos, é claro,

Pois o tempo corre mudando tudo,

Vejo Jygandyo de modo diferente, mas

É necessário ainda dizer, que o que

Sentir naquele primeiro momento continua

Aqui queimando dentro do meu peito,

Todavia, aprendi a tocar nas brasas de Jygandyo

Sem que me queimassem profundamente,

Se a labareda está por demasiada alta

Sei me comportar, encontrar um lugar

Mais distante e esperar, esperar

A temperatura ficar amena, e me aproximar.

Aliás, esperar não é uma lição que se

Compreende assim rápido, leva tempo,

E o tempo ao lado de Jygandyo me tem sido

Transformador e revelador em muitos sentidos,

Hoje aqueles arroubos da mocidade

Estão guardados no baú da casa dos fundos

E só muito raramente me vem a memória deles,

Só mesmo quando Jygandyo na sua sabedoria

Pedregosa me faz ver que errei num passo

Mal dado, que deveria ter feito de outro jeito

De modo a não gerar mal-entendidos

Ou aumentar as nossas dores mais finas,

Que por sinal, apesar de haver aumentado

Sempre, percebo hoje uma tendência

A Constância, creio ser difícil, ao leque

De nossas cicatrizes, acrescentar mais

Alguma, acho, como disse, intricado

Aumentar nossos sacos de não-esquecimentos,

Nossas pedras de não-entendimento,

Nossas frustradas tentativas de nos amar

A nós mesmos, nós um ao outro,

Estamos no limiar da iluminação,

Sinto que a qualquer momento tudo

Vai dar certo, sinto que algo bom nos

Aclama, abriga de alguma forma nossos seres,

O amor, esse balsamo que fecha as feridas,

Que encontra uma forma de entrar na alma

Do ser mais trancado,

Essa chave que abre os corações mais empedernidos,

Essa luz que ilumina os caminhos da humanidade

De todos os seres, humanos ou não,

Complexos ou não

Orgânicos ou não

O amor, a mão que salva quando já não tinha mais jeito,

A palavra trazida pelo vento

Quando o silencio sufocava a alma

De quem e para quem palavra alguma

Fazia mais sentido,

O amor, eu sinto, está prestes, sempre esteve,

E é por isso que depois desse caminho já

Trilhado acho difícil qualquer acumulo

De qualquer mesquinho sentimento em relação a Jygandyo

E de Jygandyo em relação a mim,

Assim creio eu, sou um otimista,

Todavia, tudo sempre é possível...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 17/03/2008
Reeditado em 17/03/2008
Código do texto: T905242
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