SE EU SOUBESSE
Se eu soubesse que poderia mudar tudo, desde cedo eu o faria,
Iniciaria tudo de novo,
Lançaria tentáculos tal qual o polvo,
Nada de mim escaparia.
Se eu soubesse que palavras machucariam,
Arrancaria minha língua, extirparia meus pulmões,
Cortaria uma a uma minhas cordas vocais,
Não pronunciaria, não diria textos, sermões, frases, consoantes, vogais.
Se eu soubesse que o riso encerrado na face magoaria
Sorriria, sim, sorriria até não restarem dentes
Cantaria, brincaria, desenvolveria da dança o passo,
Correria em volta, escorregaria, retribuiria agradecido tal qual o palhaço.
Se eu soubesse que os elogios alegrariam,
Diria todos, incentivaria, torceria,
Não passaria dia sem produzir exaltação
Porém tarde aprendi que não se fala com a boca, mas com o pulsar do coração
Se eu soubesse que a presença importaria,
Far-me-ia o irmão, o filho, o amigo, o confidente, o par,
Iria, convidaria, estaria, dançaria tal qual Fred Astaire
Mesmo que a mente dissesse: “não faça se não quiser!”
Se eu soubesse que as colheitas viriam,
Olharia pra frente, plantaria diferente, amaria mais gente
Do perfeito sete não seria o seis, rogo clemência às minhas rainhas e reis,
Perdoem se da corte o bobo não se tornou agradável a vocês.