REFLEXAO DISPERSA

Encurtei os passos

Descansei os olhos

Revivi viagens

Expulsei tristezas

Eu sorri pro vento

Mastiguei os sonhos

Engoli lembranças

Acordei saudades.

Eu pintei meu rosto

Fiz meu picadeiro

Chorei só, no espelho

Sem me ver plateia

Tirei maquiagem

Vi meu rosto triste

Desfiz fantasia

Reencontrei o sol

Inventei histórias

Coisas de menino

Fui cowboy western

Tivi um rim tin tin

Fui super heroi

De capa vermelha

Voei pelo mundo

Levando sorriso

Hoje um banquinho

Juntando solidão

Recontei pra mim

Tudo que passou

Deletei-me em riso

Pois vi cada cena

Ja valeu a pena

Sentar pra recordar

Os pingos dessa chuva

Apressa meu retorno

Entro para casa

Tudo é solidão

Mas a chuva cai

Me provoca o sono

Mas se eu dormir

Posso não acordar

Carlos Silva

LEITURA E/OU INTERPRETAÇÃO DO TEXTO:

Um poema profundo e emocionante, que nos leva em uma jornada de reflexão e recordação, onde o passado e o presente se misturam.

A linguagem é rica e evocativa, com imagens que nos fazem sentir e refletir.

A primeira parte do poema é uma celebração da vida, com imagens de alegria e liberdade. Ao dizer: "encurtei os passos", "revivi viagens" e "sorri pro vento". É uma sensação de leveza e felicidade plena.

Todavia, à medida que o poema avança, a tonalidade muda. Onde apresenta um refletir sobre a solidão e a tristeza. "pintou seu rosto",

"chorei só, no espelho" e "vi meu rosto triste". É uma sensação de vulnerabilidade e exposição ao tudo vivido.

Notamos que na segunda parte do poema (e isso torna-se implicito) é uma reflexão sobre a infância e a juventude. Onde na informação "inventei histórias", "fui cowboy western" e "voei pelo mundo". É uma sensação de liberdade e criatividade.

Mas, ao final do poema, retorna-se à solidão e à tristeza. "sentei pra recordar", "deletei-me em riso" e "vi cada cena". É uma sensação de nostalgia e melancolia exposta de forma profunda e tão real.

O poema termina com uma reflexão sobre a morte e o fim da vida. Isso está claro quando afirmo que: "posso não acordar" e a chuva "apressa meu retorno". É uma sensação de aceitação e resignação como se dissesse a si mesmo: "Estou pronto dou por cumprida a minha missão".

Carlos Silva