Devaneios noturnos
Porventura
Inebriado pela noite escura
Que o meu passo não me leve a loucura
E nenhum passo me conduza à solidão
Deixei meus pés descalços
Para sentir a terra entre os dedos
E imerso em meus pensamentos
Ficasse por um instante liberto
Daquele mar de agitação
Fortemente naquele alvoroço
De silêncio medido e ensurdecedor
Via a lua beijando a noite
O céu contornando as estrelas
E uma nuvem por si só
Aquela nuvem consumindo o meu coração
Quis que o poeta falasse
De coisas profundas
E disfarssasse
Entre as palavras ditas
Por aquele silêncio todo
Que o meu passo não me leve a loucura
E nenhum passo me conduza à solidão
São os devaneios noturnos
Que, em silêncio
Entorpeciam a minha visão.