A MENINA E A ROSA
No jardim que exalava meus devaneios
Via a menina tão graciosa
A acalentar meus sonhos, meus anseios
Com a sua flor majestosa
.
Só não sabia naquele interstício
Se ela era quem se fazia formosa
Desde todo o começo, o princípio
Ou, então, mais doce ou vaidosa
Era em suas mãos aquela rosa
.
Eu que vivia preso na jaula
Enclausurado pela solidão
Evadia-me no meio da aula
Sem medo, quaisquer receios
Para tê-la em contemplação.
Os fins justificavam os meios!
.
Olhava-a pelo canto do sonhar
Debruçado na minha janela
Levitava sobre o seu perfumar
E me perguntava, curioso
Especulando, tão ansioso
Qual seria o nome dela
Com a sua rosa e a graça no ar
Seria, por acaso, Florisbela?
.
E pela porta, toda vez que eu saía
Pensava em oferecer-lhe o universo
Mas ela já era o infinito em poesia
Com o seu vestido cor de rosa
E com o seu riso, com sua rosa.
Ela, na fragrância de todo o verso,
Ainda transbordava toda prosa.
.
O tempo logo se encarregou
De desabrochar tão linda flor
De tudo o que passou
O vento só não levou
A lembrança da brisa deliciosa
Daquela menina e de sua rosa.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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