A MENINA E A ROSA

No jardim que exalava meus devaneios

Via a menina tão graciosa

A acalentar meus sonhos, meus anseios

Com a sua flor majestosa

.

Só não sabia naquele interstício

Se ela era quem se fazia formosa

Desde todo o começo, o princípio

Ou, então, mais doce ou vaidosa

Era em suas mãos aquela rosa

.

Eu que vivia preso na jaula

Enclausurado pela solidão

Evadia-me no meio da aula

Sem medo, quaisquer receios

Para tê-la em contemplação.

Os fins justificavam os meios!

.

Olhava-a pelo canto do sonhar

Debruçado na minha janela

Levitava sobre o seu perfumar

E me perguntava, curioso

Especulando, tão ansioso

Qual seria o nome dela

Com a sua rosa e a graça no ar

Seria, por acaso, Florisbela?

.

E pela porta, toda vez que eu saía

Pensava em oferecer-lhe o universo

Mas ela já era o infinito em poesia

Com o seu vestido cor de rosa

E com o seu riso, com sua rosa.

Ela, na fragrância de todo o verso,

Ainda transbordava toda prosa.

.

O tempo logo se encarregou

De desabrochar tão linda flor

De tudo o que passou

O vento só não levou

A lembrança da brisa deliciosa

Daquela menina e de sua rosa.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

(Direitos reservados. Lei 9.610/98)

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 20/09/2019
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