A MENINA E O VIOLINO
Lembro-me bem
Daquela doce menina
Sentava-se além
Da brisa vespertina
E olhava o mar cristalino
.
Desfilava a melodia
Ainda tão incipiente
Desafiava a maresia
De um jeito inocente
Nas cordas do seu violino
.
Eu a admirava calado
Com o peito extasiado
Imaginava-me com ela
Num singular momento
Num barco
No meio do oceano azul
Ou no arco
Do seu nobre instrumento
Na minha onírica janela
Sob o Cruzeiro do Sul
.
Eu sonhava acordado
E me embriagava tanto
Da sua música:
Mágica
Mística
Lírica
Lívida
Pequena musa
Do meu acalanto
Com seu encanto
.
Uma brisa de vento
Um sopro do tempo
A levaram para além-mar
Para finalmente brilhar
Em outras orquestras
As refinadas sinfonias
.
E nas horas incertas
Nas tardes baldias
Restou-me a lembrança
Daquela suave criança
Que tirava poesia
De noite e de dia
E seu verso mais opalino
Das cordas do seu violino.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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