A MENINA NO BALANÇO
Eu via a menina no balanço
Rasgando o ar num movimento pendular
Por todos lugares daqueles seu balançar
A todo e a todo o momento
Ela ia e voltava
E o tempo ficava
À mercê do seu deslocamento
O Presente ia para frente
E o passado para trás ia
Um bailado intermitente
Que o seu corpo fazia
Ela estava tão singela
Como um sonho de criança
Uma brincadeira que se lança
Desafiando a gravidade
Afiando a sua liberdade
Diante da minha janela
Ia vendo
Ia vindo
No vento
O seu encantamento
De balançar
E de me encantar
Pela graça do seu sorrir
Sob a brisa do balanço do mar
Pelo sopro que via surgir
Da felicidade tão infantil
Que veio preencher meu vazio
Só de ficar ali a lhe olhar
Ah, minha adorável pequena!
Brinca, brinca bastante!
Pois o dia não sabe esperar
O futuro logo entra em cena
E como num rompante
Em cada milímetro que avança
No impulso que você dá
A hora também adianta
O tempo não pode esperar!
E o tempo realmente passou
Hoje ela está adulta
Mas eu, um velho sonhador
Quando chego na janela
Ainda lembro do jeito dela
Da infância que a vida levou
E vejo apenas que sobrou
O mesmo balanço mudo
Esperando uma nova criança
Que mais do que tudo
Me encha de alegria e esperança
Ao sentir no seu movimento de impulsão
O bálsamo que aliviava minha solidão.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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