A MENINA NO BALANÇO

Eu via a menina no balanço

Rasgando o ar num movimento pendular

Por todos lugares daqueles seu balançar

A todo e a todo o momento

Ela ia e voltava

E o tempo ficava

À mercê do seu deslocamento

O Presente ia para frente

E o passado para trás ia

Um bailado intermitente

Que o seu corpo fazia

Ela estava tão singela

Como um sonho de criança

Uma brincadeira que se lança

Desafiando a gravidade

Afiando a sua liberdade

Diante da minha janela

Ia vendo

Ia vindo

No vento

O seu encantamento

De balançar

E de me encantar

Pela graça do seu sorrir

Sob a brisa do balanço do mar

Pelo sopro que via surgir

Da felicidade tão infantil

Que veio preencher meu vazio

Só de ficar ali a lhe olhar

Ah, minha adorável pequena!

Brinca, brinca bastante!

Pois o dia não sabe esperar

O futuro logo entra em cena

E como num rompante

Em cada milímetro que avança

No impulso que você dá

A hora também adianta

O tempo não pode esperar!

E o tempo realmente passou

Hoje ela está adulta

Mas eu, um velho sonhador

Quando chego na janela

Ainda lembro do jeito dela

Da infância que a vida levou

E vejo apenas que sobrou

O mesmo balanço mudo

Esperando uma nova criança

Que mais do que tudo

Me encha de alegria e esperança

Ao sentir no seu movimento de impulsão

O bálsamo que aliviava minha solidão.

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 05/09/2019
Código do texto: T6737587
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