Anônimo Amor
Na terra o tempo é rei, dizia Gil.
No céu anil a estrela cintila, varonil.
No blues Robert Johnson viu o que ninguém viu.
Dizia Freud: os sonhos revelam o que você escondeu.
Meu coração anônimo bateu forte
naquele tchau que você não deu.
No sonho que sonhei tive sorte
você beijou e com teus lábios me prendeu.
Pelé falou com os pés o que o povo aplaudiu.
Roberto cantou o que todo mundo ouviu.
E eu, qual Raul, vivo até ao final meu drama
derrapando, qual Senna, nas curvas de uma bela dama.
Mas a dama de espadas vai flechar
o desenho ímpar do meu coração.
Na arquitetura perfeita de um Oscar.
No germinar de um grão.
Na "cortada olímpica" de um Negrão.