O Canto da Cotovia
(Samuel da Mata)

Eu não sei bem dizer quando ele se foi,
A data da sua partida é apenas um marco
Ele foi se desapegando aos poucos,
Como pequeno furo afundando um barco

 
A vida que em sonhos cresce é a mesma que em dor se esvazia
Hoje em lembranças aquece, mas na dor da saudade esfria
Partiu só como chegou, de toda sua bagagem fez partilha
As almas de tantos impregnou, como o doce cantar da Cotovia

Eu não fiquei sem pai naquele dia, fiquei só privado dele
Ele existe em mim, não só nos traços
Mas nos braços que me alcançam ainda

Buscarei em mim esta saudade como peixe que se atira à rede
Quero sempre sentir-me alojado no seu barco
Até que toda a minha jornada esteja finda
Samuel da Mata
Enviado por Samuel da Mata em 28/11/2017
Reeditado em 28/11/2017
Código do texto: T6184646
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