Noites de chuvas
Olho pra outrora
E volto à minha infância
Tempos difíceis com certeza
Mas época saudosa e calorosa
Algo que vejo
Que quanto mais atribulados somos
Mais a união se faz presente
E nos tornamos vencedores
O barraco de três comôdos
Velho e desbotado
Piso de cimento grosso
Teto de telha
Época de muita carência
Faltava o pão
Faltava o agasalho
Mas não faltava o amor
Lembro da nossa cama de sapé
Éramos três irmãos
Que dormiam na mesma cama
Pouco conforto, muito calor humano
Nas noites chuvosas
Como eu me deliciava
Ouvindo a chuva que batia no telhado
Do orvalho que caia em minha face
Do corisco que batia na parede
O barulho das goteiras
O frescor da chuva que inundava o ambiente
As águas caindo no quintal
A beleza da vida não consiste
No luxo e na ostentação
Mas da sensibilidade de observar o prazer
Na simplicidade das coisas
Quando eu era menino
Sonhava incessantemente com a felicidade
E jamais tinha me tocado
Que eu era feliz e não sabia.