No meu chão o teu cheiro

É a mão invisível que me guia,

É a tua companhia.

Me vejo melhor

E o amor abre as portas,

Espia.

Encontro e encanto chegam mais.

Solidão e sombras

Jamais.

Nas rachaduras do meu chão,

Brota o teu cheiro.

Dizem que o tempo transfigura,

Corrói a gente.

Mas eu, com 77 anos,

Não estou ausente

E meu rosto não assume espanto,

Nem olhar de loucura.

À procura

De um cenário que me traga ventura

E um coração atento.

Lento

É o passo que dou na contrapartida

A ida,

É melhor que a volta.

A dor cria asas,

O vento perpassa ligeiro,

O tempo se dá por vencido,

Enquanto uma flor conversa comigo.

E longe do desengano,

Continuo simplesmente humano.

Vivo a eterna busca de sentido

Das perdas à reconstrução.

O tato na mão

O caminho e os passos

Que acabam e recomeçam

Onde eu sempre estive.

Se quiseres me amar

Terá que ser hoje.

Amanhã,

Estarei cansado

Ou terei mudado.

Amor é presença, é magia

Dentro e perto

Sempre e agora

Agora e sempre,

Tão-somente.

É uma explosão,

Presente.