EU E MEU VELHO CAJUEIRO
(José Ribeiro de Oliveira)
BRINQUEI COM TUA SEMENTE
ME ENFADANDO, TE ABANDONEI
ANTES DEVOREI TUA CARNE
MAS TUA ESSÊNCIA DEIXEI
DESPREZEI COMPLETAMENTE
POR ENTRE AS PEDRAS JOGUEI
AS TUAS IRMÃS EU COMI
MAS A TI NÃO ME ATENTEI
E FICANDO ENTREGUE AO TEMPO
POR SORTE ASSIM ESQUECIDA
BROTASTES POR ENTRE AS PEDRAS
NASCESTE SEM GERMICIDA
E CRESCENDO ENTRE OS OLHARES
AINDA COM INDIFERENÇA
FOSTES FICANDO ROBUSTA
MOSTRANDO A TUA PRESENÇA
QUANTO A MIM, NEM TE NOTAVA
TINHA OUTRAS DIVERSÕES
NA VERDADE, NÃO SABIA
E NEM VIA TUAS LIÇÕES
FORAM-SE ALGUNS VERÕES
PRIMAVERAS E INVERNOS
QUANDO EM FIM TU FLORESCESTES
VESTINDO UM NOVO TERNO
AÍ, ENTÃO, EU TE VI
E DESEJEI O TEU FRUTO
E FOSTE FARTO COMIGO
DESDE CRIANÇA A ADULTO
E ME ACOMPANHAS HÁ MUITO
ME DANDO FRUTO E PRAZER
TRAZENDO SOMBRA E DESCANSO
REFLEXÃO E LAZER
TU SABES, MEU CAJUEIRO,
TANTO SOBRE A MINHA VIDA
QUE TE FAÇO CONFIDENTE
E TENHO TUA ACOLHIDA
SAIBAS TAMBÉM MEU AMIGO
QUE ANDO TANTOS CAMINHOS
MAS QUANDO VOLTO À TUA SOMBRA
ME SINTO OUTRA VEZ MENINO
HOJE VIVEMOS DISTANTES
MAS NOS VEMOS VEZ ENQUANDO
E SEMPRE LEMBRO DE TI
NOS LUGARES POR ONDE ANDO
E QUANDO VOLTO A TUA SOMBRA
E ME DELEITO DO TEU FRUTO
SINTO A NECESSIDADE
DE RENDER-TE O MEU TRIBUTO