EU E MEU VELHO CAJUEIRO

(José Ribeiro de Oliveira)

BRINQUEI COM TUA SEMENTE

ME ENFADANDO, TE ABANDONEI

ANTES DEVOREI TUA CARNE

MAS TUA ESSÊNCIA DEIXEI

DESPREZEI COMPLETAMENTE

POR ENTRE AS PEDRAS JOGUEI

AS TUAS IRMÃS EU COMI

MAS A TI NÃO ME ATENTEI

E FICANDO ENTREGUE AO TEMPO

POR SORTE ASSIM ESQUECIDA

BROTASTES POR ENTRE AS PEDRAS

NASCESTE SEM GERMICIDA

E CRESCENDO ENTRE OS OLHARES

AINDA COM INDIFERENÇA

FOSTES FICANDO ROBUSTA

MOSTRANDO A TUA PRESENÇA

QUANTO A MIM, NEM TE NOTAVA

TINHA OUTRAS DIVERSÕES

NA VERDADE, NÃO SABIA

E NEM VIA TUAS LIÇÕES

FORAM-SE ALGUNS VERÕES

PRIMAVERAS E INVERNOS

QUANDO EM FIM TU FLORESCESTES

VESTINDO UM NOVO TERNO

AÍ, ENTÃO, EU TE VI

E DESEJEI O TEU FRUTO

E FOSTE FARTO COMIGO

DESDE CRIANÇA A ADULTO

E ME ACOMPANHAS HÁ MUITO

ME DANDO FRUTO E PRAZER

TRAZENDO SOMBRA E DESCANSO

REFLEXÃO E LAZER

TU SABES, MEU CAJUEIRO,

TANTO SOBRE A MINHA VIDA

QUE TE FAÇO CONFIDENTE

E TENHO TUA ACOLHIDA

SAIBAS TAMBÉM MEU AMIGO

QUE ANDO TANTOS CAMINHOS

MAS QUANDO VOLTO À TUA SOMBRA

ME SINTO OUTRA VEZ MENINO

HOJE VIVEMOS DISTANTES

MAS NOS VEMOS VEZ ENQUANDO

E SEMPRE LEMBRO DE TI

NOS LUGARES POR ONDE ANDO

E QUANDO VOLTO A TUA SOMBRA

E ME DELEITO DO TEU FRUTO

SINTO A NECESSIDADE

DE RENDER-TE O MEU TRIBUTO

Professor José Ribeiro de Oliveira
Enviado por Professor José Ribeiro de Oliveira em 25/08/2013
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