QUANDO CRIANÇA, GOSTAVA DE OLHAR O CÉU – Parte 2
Quando criança, gostava de olhar o céu e me imaginar uma jovem adolescente e cheia de vida, cheia de esperanças de um mundo melhor onde as pessoas se entreolhassem; se olhassem nos olhos com carinho e com ternura, com desejos de querer bem um ao outro, sem maldades nem malícias, sem essa sede insaciável de querer se dar bem sempre e muitas vezes, às custas dos outros.
Quando criança, gostava de olhar o céu e me imaginar uma mulher sabedora dos meus direitos e deveres, dos meus anseios e desejos, das minhas vontades e necessidades, das minhas carências e neuras. Uma mulher guerreira, batalhadora, determinada, objetiva, mas sem perder a docilidade, a fragilidade, a espontaneidade e a criança que existe em toda mulher.
Quando criança, gostava de olhar o céu e me imaginar adulta, com uma profissão, um bom emprego, um bom salário, com uma bela casa, com belos filhos e marido, vivendo num mundinho cor de rosa, pintado pela ingenuidade, simplicidade e pela fértil imaginação desta criança (crescida).
Quando criança, gostava de olhar o céu e hoje, crescida, continuo olhando e contemplando o céu, mas sem a utopia dos olhos do meu passado, sem os sonhos que outrora tivera, sem a visão fantasiosa e fértil dos pensamentos de uma criança, sem os anseios e os desejos de mudar o mundo. Porque aprendi, a duras penas, que a primeira, a principal e a mais dolorosa mudança começa em nós e, que os olhos dos adultos, infelizmente, são extremamente diferentes e cegos aos muitos olhares e dimensões visuais da eterna criança que, felizmente, ainda me acompanha...