Caminhos de Minha Terra

“...e no preâmbulo da tarde

que já ensaiava rubor, deslizavam

lentamente, em sintonia perfeita

com a perenidade estampada na

face do caminho amarelecido, bois e

homens, carroças e sonhos...”

Félix Arlequim

Lautos caminhos flóreos, cinzelados no chão de minha terra!

A reverberar pelas margens

tendes vós os cantares dourados dos sabiás...

O verde reluz,

em belo e impávido desafio à tarde empoeirada...

Canta melancólica a roda do carretão.

Aguilhão, guizos, mugido.

Ante a exuberância que tudo cobre

e a tudo adorna de encantos,

a contemplação remete

lentamente

à prazerosa sensação de cálido berço.

Poderoso ligame!

Caminhos a despedir brilho nos dias claros...

Limpidez melodiosa, sonora.

Farfalhar de asas a rasgar azuis ofuscantes...

Vias das longas noites de lua luminosa...

Coruja, saci, pirilampo.

Brilho cintilante das estrelas.

Caminhos benquistos

que levam e trazem os pés

e a humildeza feliz de minha gente.

Caminhos aprazíveis de minha terra!

Guardada em meu coração

como preciosíssimo tesouro,

está vossa fidelíssima e amada companhia.

De vossas veredas admiro a vida pulsante,

de vossas sendas contemplo a grandeza do mundo.

Num lampejo d’alma,

infiro que vosso amado leito,

vosso esplêndido dossel,

vosso sereno baluarte,

desprezaria todo o áureo fruto

que guarda

em mananciais

no ventre agraciado,

em favor dessa magnificente,

resplandecente,

mirífica natureza mãe!

Fartos, fornidos caminhos de minha amantíssima terra!

Sábios, serenos, amigos leais e amorosos!

Confidentes de meus tão faustos quão fortuitos idílios!

Aleki Zalex
Enviado por Aleki Zalex em 09/12/2010
Reeditado em 10/12/2010
Código do texto: T2661521
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