Caminhos de Minha Terra
“...e no preâmbulo da tarde
que já ensaiava rubor, deslizavam
lentamente, em sintonia perfeita
com a perenidade estampada na
face do caminho amarelecido, bois e
homens, carroças e sonhos...”
Félix Arlequim
Lautos caminhos flóreos, cinzelados no chão de minha terra!
A reverberar pelas margens
tendes vós os cantares dourados dos sabiás...
O verde reluz,
em belo e impávido desafio à tarde empoeirada...
Canta melancólica a roda do carretão.
Aguilhão, guizos, mugido.
Ante a exuberância que tudo cobre
e a tudo adorna de encantos,
a contemplação remete
lentamente
à prazerosa sensação de cálido berço.
Poderoso ligame!
Caminhos a despedir brilho nos dias claros...
Limpidez melodiosa, sonora.
Farfalhar de asas a rasgar azuis ofuscantes...
Vias das longas noites de lua luminosa...
Coruja, saci, pirilampo.
Brilho cintilante das estrelas.
Caminhos benquistos
que levam e trazem os pés
e a humildeza feliz de minha gente.
Caminhos aprazíveis de minha terra!
Guardada em meu coração
como preciosíssimo tesouro,
está vossa fidelíssima e amada companhia.
De vossas veredas admiro a vida pulsante,
de vossas sendas contemplo a grandeza do mundo.
Num lampejo d’alma,
infiro que vosso amado leito,
vosso esplêndido dossel,
vosso sereno baluarte,
desprezaria todo o áureo fruto
que guarda
em mananciais
no ventre agraciado,
em favor dessa magnificente,
resplandecente,
mirífica natureza mãe!
Fartos, fornidos caminhos de minha amantíssima terra!
Sábios, serenos, amigos leais e amorosos!
Confidentes de meus tão faustos quão fortuitos idílios!