A NOITE DE SEXTA-FEIRA NA MINHA CIDADE
É Sexta-feira.
É noite na minha cidade.
Esqueço da vida.
O povo sorri.
Dou um cigarro
a quem nunca vi.
No monumento da praça,
o velho sem medo
fala da liberdade esquecida.
Minha doce amiga me conforta.
Ninguém pensa.
A paz momentânea
está suspensa,
como uma espada,
sobre as nossas cabeças.
É sexta-feira.
É noite na minha cidade.
Sentado no bar,
vejo a vida passando,
botão desligado,
paletó jogado,
jeito vazio de ser feliz.
Em mim, vontade louca
de me entregar
à minha cidade,
num abraço sem fim,
com suas mulheres,
seus bêbados,
suas árvores,
suas ruas.
Entrega total e definitiva.
Vã tentativa
de ser alegre
como a noite da minha cidade.
É sexta-feira.
É noite na minha cidade. . .
- por JL Semeador, em outubro de 1977, então apenas Zé -