OVERDOSE MATA ELIS
O hoje tem sido atemporal.
Perdido nesse calhamaço de dias
não vejo ordem nas coisas.
Nem títulos garrafais de notícias.
Sociais ou policiais dos diários.
Sequer das revistas.
Lembro dos aparelhos
comunistas. Desbaratados
pelas patrulhas em carros pretos.
Lembro do Jango, do Jânio, da Monroe.
Tony Curtis.
A Débora Quer que o Gregory Peque.
Muitos artistas. Circos.
Me abro em sorrisos.
Arrelia...Piolin...Pimentinha.
Francisco Alves morre na Dutra.
Altemar morre na França.
Festivais. Prepare seu coração.
Porque o gado a gente
marca, tange, fere, engorda e mata.
Mas com gente é diferente.
Acidente mata Leila Diniz.
Overdose mata Elis.
Então choro.
Vou buscar minha viola,
Vou deixar você de lado.
Vou chorar noutro lugar.