OVERDOSE MATA ELIS

O hoje tem sido atemporal.

Perdido nesse calhamaço de dias

não vejo ordem nas coisas.

Nem títulos garrafais de notícias.

Sociais ou policiais dos diários.

Sequer das revistas.

Lembro dos aparelhos

comunistas. Desbaratados

pelas patrulhas em carros pretos.

Lembro do Jango, do Jânio, da Monroe.

Tony Curtis.

A Débora Quer que o Gregory Peque.

Muitos artistas. Circos.

Me abro em sorrisos.

Arrelia...Piolin...Pimentinha.

Francisco Alves morre na Dutra.

Altemar morre na França.

Festivais. Prepare seu coração.

Porque o gado a gente

marca, tange, fere, engorda e mata.

Mas com gente é diferente.

Acidente mata Leila Diniz.

Overdose mata Elis.

Então choro.

Vou buscar minha viola,

Vou deixar você de lado.

Vou chorar noutro lugar.

EDSON PAULUCCI
Enviado por EDSON PAULUCCI em 22/11/2009
Código do texto: T1938432
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