A FLORZINHA AMARELA

Levando cuidado, no caminhar sobre as rochas,

que espreitam, lá em baixo, o mar, salpicando

tudo à sua volta, num frenesim de águas revoltas

e de espuma, como crinas ao vento, dirijo-me

para uma flor amarela, junto ao precipício, nascida

entre duas pedras, com algum musgo, ao seu redor.

Chegando ao destino, eis reparo, como a bela flor,

contra todas as intempéries, cresceu farta e de cor

bem prenunciada. Ali o vento sopra perigosamente,

e um passo em falso basta, para irmos de encontro

às águas perigosas, que não cessam sua grand fúria,

em ondas simultâneas, batendo de encontro à frágua.

Cabelos esvoaçando, sem tino, decido-me sentar-me,

junto à flor, que, melhor do que eu, suporta o vento,

parecendo-me feliz, pelo poiso encontrado, onde,

todas as manhãs, recebe o alvor do calor do sol, que

a vai alimentando, com a sua fotossíntese, que água

não lhe falta, subindo pelas feridas abertas, na rocha.

Ainda fascinado, com a nossa florzinha amarela, que,

sem pestanejar, mantém-se firme nas suas pedrinhas,

com algum esforço, consigo tirar do bolso, do casaco,

um bloco de apontamentos e um lápis, e, inspirado,

por esta força da natureza, inicio uns versos, minha

sentida homenagem, numa indelével recordação à flor.

Mal eu reconheço minha letra, pois o vento não dá

tranquilidade, para mais. Entanto, terminado o poema,

despeço-me da esplêndida flor, que me soube incutir,

estas palavras, que vos deixo, de um momento factual,

quase insólito, que chamou minha veia poética, para

que a beleza não ficasse escondida, ante nossos olhos.

De facto, a natureza, é pródiga, em nos surpreender!

Jorge Humberto

21 / 1 1/08

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 22/11/2008
Código do texto: T1297627
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.