A CALÇADA

Na calçada há tanto pisada,

os rastros e marcas passadas

de delícias represadas,

remetem os corações

de maturidade agastadas,

aos sonhos da inocência,

das primícias e das fábulas!

Acompanha a minha calçada

de pisares, desgastada,

sua fiel companheira:

a sarjeta fria e sólida...,

das multidões, ignorada!

Suporta ingratas procelas

supera o tristonho invernar!

Abraça o sol que lhe abrasa

ou a chuva a deslizar...

Não contenho cálidas lágrimas,

quando me ponho a pensar

no primaverar de madrigais,

nos jogos de botões

e rabiscos na calçada...

Alegrias sem iguais!

Pisando nesta calçada

de malmequer desfolhado:

tenho o coração pranteado,

e a alma despedaçada

de saudades aflorada!

Antenor Rosalino
Enviado por Antenor Rosalino em 13/06/2008
Código do texto: T1032812
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