A CALÇADA
Na calçada há tanto pisada,
os rastros e marcas passadas
de delícias represadas,
remetem os corações
de maturidade agastadas,
aos sonhos da inocência,
das primícias e das fábulas!
Acompanha a minha calçada
de pisares, desgastada,
sua fiel companheira:
a sarjeta fria e sólida...,
das multidões, ignorada!
Suporta ingratas procelas
supera o tristonho invernar!
Abraça o sol que lhe abrasa
ou a chuva a deslizar...
Não contenho cálidas lágrimas,
quando me ponho a pensar
no primaverar de madrigais,
nos jogos de botões
e rabiscos na calçada...
Alegrias sem iguais!
Pisando nesta calçada
de malmequer desfolhado:
tenho o coração pranteado,
e a alma despedaçada
de saudades aflorada!