A MINHOCA

AUTOR: Paulo Roberto Giesteira

A minhoca em sua toca se entoca,

Perfurando o chão como uma broca,

Camuflada a sua cor que a nada se troca…

Das flores e frutos deste solo que do chão a brota…

Dos morros ou vales as passagens que fazem as grotas…

Marés seguidas das correntezas como das pororocas…

Milhos as plantações das que fazem as pipocas…

Buracos profundos ou rasos as suas locas…

Varas para quem vai apanhar com uma coça…

Gingas divertidas as animadas bossas…

Sumidouros dos ralos como fossas…

Ameríndios com as suas moradias de ocas…

Sumo da terra ao limo daquilo que se entoca,

Sotaques que relevam os costumes e estirpes das roças.

Habitats como do frio para cada tipo de foca…

Conversas carpideiras das discutidas fofocas…

Canto alarme da ave a aquilo que ela choca…

Grão que faz o legume saindo a tapioca…

Chão perfurado no seu interior a uma joça…

Gracejos de um cortejo da bobeira idiota,

Pequenos lamaçais fazendo umas ilhotas.

Da terra arada a semente despontando a uma porta,

Enriquecido solo da qualidade mostrado pelo tamanho de uma bota…

Como de isca ou de fertilidade estrumada a inseminação a rota,

Brotando uma nova vida a natureza que sempre a tudo lota,

Caminhos por entre as raízes das flores como que das jiripocas;

Verduras ou legumes as plantações volumosas das frotas,

Micoses as doses que em seu lugar irritado a coça...

Sob o chão de terra a toca onde ela escondida se entoca,

Árvores esburacadas como moradias das incríveis marmotas…

Abaixo do solo sobrevivendo pela umidade ingerida a sua beijoca,

Movimentando a terra fazendo o seu papel nutrindo como paçoca.

Humo orgânico do solo as subterrâneas galerias da desbravadora minhoca.