Futebol de Rua
Cada Rua era um estádio
E cada um de nós um jogador
Tinha Pelé, Bebeto, Romário
E até um tal de Roberto Baggio.
Os vizinhos na calçada
Na nossa arquibancada
Papai, mamãe e titia
Na torcida organizada.
O jogo começava
Com tabelas pela sarjeta
Era um recurso clássico
Para os que não sabiam dá caneta
As traves eram de tijolos
Com cabos de vassoura no centro
A Glória! A redenção! O objetivo maior!
Meter a bola dentro.
Jogar descalso
Era corriqueiro
Sempre tinha alguém
Que esfolava o dedo
A bola dura
Ressecada pelo sol
Matavamos no peito
E metiamos para o gol.
Pegaaaaaaaaaa!
Que golaçooooo!
A torcida delirava
E corriamos para o abraço.
Quando o jogo
Estava em seu melhor momento
Um perna de pau sempre chutava
No portão do vizinho rabugento.
Que já prometia furar a bola
Caso repetisse o acontecimento
E repetia-se sempre!
Adeus Bolinha! Só lamento!
Depois de tantas emoções
Jogávamos até ficar tarde
O time que perdesse o ultimo jogo
Guardava as traves.
(OLIVEIRA, Jonathas - Infância)