Montagem - Feitosa dos Santos

O GRILO QUE SÓ CANTAVA
 
Numa casinha de taipa,
La no sopé da colina,
Suas paredes de barro,
Para o grilo coisa fina,
Cada buraco uma casa,
Rachadura uma colina.
À tardinha ia chegando,
Começava um estalar,
Punha a cabeça de fora
E se danava a cantar,
A todos incomodava,
Ele crente que falava,
Não queria mais parar.
João matuto futucava,
As paredes de reboco,
Ficava muito zangado,
Para ele era um sufoco,
O grilo mudava de lugar,
Punha-se logo a chiar,
Aperreando o caboclo.
Com ele não tinha grilo,
Gostava de serenata,
Às vezes até dormindo,
Puxava a sua gaita,
O besouro se enfurnava,
O chinelo João jogava
Só acertava na barata.
 
             Rio, 17/03/2011
           Feitosa dos Santos