Foto - Feitosa dos santos

PINTINHO NUNCA FOI PATO
 
A mamãe pata chocava os ovinhos,
Num ninho de capim aconchegante,
Um ovo entre os ovos que chocava,
Marcado por um traço em carvão.
Mamãe pata não estava consciente,
Dos traços, que esse ovo marcava,
Certeza mesmo mãe pata não tinha,
Mas as outras patas comentavam,
O ovo sem dúvida seria de galinha.
Vinte dias depois, saia a ninhada,
Os patinhos eram todos amarelos,
Entre eles um era mesmo diferente,
Não tinha membrana entre os dedos,
O bico não tinha formato achatado,
A cor não era amarela, mas azulado.
Saiam em fila atrás da pata mamãe,
Outros patos olhavam desconfiados,
Como poderá o pintinho ir pro nado?
O pintinho não é pato, mas se esforça,
Vê que os patinhos não sabem ciscar,
Mas ele sente-se em sua própria roça,
Para a água! De longe fica a olhar,
A pata mamãe olha atrás e o chama,
O pintinho vai e volta, aflito a piar.
Não ser patinho para ele era difícil,
Mas para sobreviver é preciso inovar.
 
                        Rio, 13/03/2011
                      Feitosa dos Santos