Chuva
As chuvas chegaram
nas águas de março
que sempre caem
com estardalhaço.
Reluz o raio
rasgando o céu,
água caindo
em mundaréu.
Estronda o céu
ao rugir o trovão,
água caindo
em farta porção.
O vento soprou
abrindo a janela,
goteira pingou
e apagou a vela.
Caiu a chuva,
lavou o quintal,
o lençol molhou,
derrubou o varal.
Água caindo
torrencial,
chegou à escada,
subiu um degrau.
Água caindo
em manancial,
alcançou a varanda,
tombou o jirau.
Ganhou a despensa,
encharcou o chão,
rato correndo
em aflição.
Atingiu o bueiro,
estourou a calçada,
barata fugindo
desesperada.
Foi na enxurrada
folha caída,
veio com ela
lama fedida.
Foi chuvarada
por todo o dia,
até quase a hora
da Ave Maria.
A chuva estiou,
enfim se esvaiu,
e o arco-íris
no céu surgiu.
Na rua brincando,
a meninada
pulava nas poças,
alvoroçada.
E muitos barquinhos
de branco papel,
fizeram São Pedro
sorrir lá no céu!