pio”, é mesmo um pássaro que vive plantado,
não canta
não trina
não voa
não come.
tem penas tingidas
tem uma haste por pés,
encantam Marina com seu colorido
de pássaros de mentira
plantados em um vaso com abelhas,
à falta de pássaros na natureza
melhor conhecer-lhes a beleza
de pássaros de madeira
que a tristeza de pássaros de gaiola.

“kiko”, é Chico, mas se ela chama e ele atende
deixe-o com seu novo nome
e a linguagem nova
em que menina e cão
se comunicam.
a princípio ela tinha-lhe medo
acho que achava-o um monstro
e ainda acha,
perdeu foi o medo de monstros,
aprendeu a dividir com ele a comida,
o kiko só comia coisa industrializada
agora come bolo, carne, pão,
e ela quer-lhe a ração.

em um livro, Marina tem
elefante
macaco
e leão
em figuras
formas
e sons,
que ela imita
haaa, haaa
é o leão? perguntei-lhe esta manhã
e ela: não pai, “monsto”.

Confundi a onomatopéia,
ela prontamente me explicou,
desfez minha enganação.
Pais e mães hão de entender
a minha empolgação,
é a primeira vez que Marina
reflete uma pergunta e elabora a resposta.

Já vejo perto o dia em que perguntarei
de onde vem seu conceito de individualismo,
Shopenhauer?
Não pai, é Platão!