Poema - 1 Coríntios 11:23-30
Poema - 1 Coríntios 11:23-30
" Alimentem-se das tripas de Cristo
Masturbem-se com as suas visceras
A Santa Ceia está servida
E o mais moribundo dentre os santos
será o grande banquete"
Com medo do abismo
afungentei-me em meu próprio inferno
Caminhando sobre os meus traumas de infância
Sentei-me debaixo dos tetos imundos de uma catedral
E orei pedindo a morte;
" Já tive o bastante, Senhor. Tire a minha vida;
não sou melhor do que os meus antepassados"
Então Cristo desceu do seu trono
E com as suas mãos imundas tocou as minhas feridas
O puxei pelos cabelos
Abri as portas da catedral
E o arrastei em meio a praça pública
" - Matem, matem o filho de Deus!
Ele pode curar as nossas feridas
Mas não nossas almas"
Então Cristo em sua defesa
Correu em meio às ruas
Abraçando as prostitutas e os enfermos
O povo gargalhava
Enquanto o filho de Nazaré
Banhava-se em merda e vômito
Na tentativa de curar os doentes
Os filósofos reuniram-se em coletivos
Armaram-se com foices e açoites
E encurralam-no em um canto escuro
Enquanto Cristo suplicava pela sua vida
Com o corpo cheio de sangue e feridas
Os filósofos gritavam em seus ouvidos surdos
- Curem nossas almas!!
Nos liberte da maldição que o seu pai nos condenou
Então Cristo com as mãos trêmulas e ensanguentadas
Citou versículos bíblicos
"Que o ímpio abandone o seu caminho;
e o homem mau, os seus pensamentos.
Volte-se ele para o Senhor,
que terá misericórdia dele;
volte-se para o nosso Deus,
pois ele dá de bom grado o seu perdão."
Os Poetas furiosos com audácia de Cristo
Amarraram correntes em suas pernas
E o arrastaram em meio a catedral
Os enfermos e as prostitutas cercaram-no
Com facas em suas mãos e fome em seus olhos
Cristo suplicava e se debatia
Enquanto cada um dos homens
Canibalizavam o seu corpo
- Arranquem os seus olhos
E deem eles aos cegos
Que foram condenados a escuridão
Gritavam os filósofos
Mutilem suas pernas e deem elas
Para aqueles que não podem andar
Berravam os enfermos
Cristo tremia e se debatia agonizando
Em meio a catedral
Se perguntando o porquê seu pai
Havia o abandonado
E porque ele permitiria tamanha crueldade
Então Cristo foi arrastado quase sem vida
Vomitando sangue e fedendo ao seu próprio vômito
E jogado em uma cela
Com padres, pedófilos e estupradores
E por doze horas Cristo foi estuprado e espancado
Enquanto mulheres e crianças gargalhavam da sua miséria
Por fim, Cristo foi solto pela manhã
Com sangue, merda e gozo por todo o seu corpo
E nada de sagrado
Havia sobre aquele homem vil e repugnante
Ao voltar para o reino dos céus
Suplicou ao seu pai o porque
Ele havia permitido tamanha crueldade
Então Deus sorrindo diante da miséria de seu filho disse;
Viveste por um dia
O que os homens vivem por toda a sua vida.
- Gerson De Rodrigues