Senhor do corpo e da alma
 
Estando eu, também angustiado,
Desolado com os haveres da vida.
Senhor onde estás que não respondes?
Te busquei em outros lugares,
Eu já nem me lembro aonde.
 
Uma voz veio, não vi de onde,
Por quem procuras nesse lugar?
Falava doce, tal qual o mel,
O caminho é longo e muito árido,
Pega o teu fardo e vás a Israel.
 
Chegando a Terra Santa,
Perguntei: aonde o Mestre encontrar?
Uma voz soprou em meu ouvido,
Segues o caminho de Nazaré,
É provável que Ele, lá tenha nascido.
 
Chegando a essa cidade,
Procurei-O sem descanso,
O meu corpo do normal já ia além,
Uma voz sussurra de mansinho,
Tomas o teu caminho no sentido de Belém.
 
Fui ao campo dos pastores,
Nas igrejas, cavernas e estábulos,
Busquei-O em todo o lugar,
Com fé esperança e caridade,
Mesmo assim, não O encontrei por lá.
 
Foi quando de um passante ouvi,
Jesus encontra-se no templo,
Na cidade de nome Jerusalém,
Tomei o caminho certo,
No templo, já não havia ninguém.
 
Procurei por toda a Jerusalém,
Lá, Ele também não estava,
Uma voz murmurava junto a mim,
Vai até a margem direita do Jordão,
Lá, a tua busca terá fim.
 
Andei rio acima, rio abaixo,
No cansaço do corpo, dormi uma noite vã,
Pela manhã cedinho, orei antes do desjejum,
A voz me falou novamente branda,
Segue o caminho, que leva a Cafarnaum.
 
Tomei as minhas sandálias,
Me pus na estrada a caminhar
Uma longa Jornada, a cidade eu cheguei,
Indagava a uns e a outros,
Em Cafarnaum também não O encontrei.
 
Em conversa, escutei de pescadores,
Que ali se aglomeravam,
Eles discutiam, trocando suas ideias,
Sugeriam que Jesus pescava,
Nas águas do mar da Galileia.
 
Naveguei por sobre as águas,
Mas, Jesus não avistei,
Disse um velho pescador,
Segue a trilha de Emaús,
Lá Jesus prega o amor.
 
Mas lá naquela aldeia,
O Cristo não se encontrava,
A voz: prossiga a tua andança,
Segue pelos caminhos do deserto,
Ao monte das bem-aventuranças.
 
Uma multidão havia,
Mas o Mestre não encontrei.
Todos, entoavam um louvor,
Por entre os sons, a voz me sussurrava,
Toma as veredas, vai ao monte Tabor.
 
Quando o topo do monte eu alcancei,
Bem cansado e abatido,
Do peito um gemido e densas emoções,
No íntimo ouvi a voz dizendo,
Segue agora ao cume das tentações.
 
Como num passe de mágica,
No topo do monte eu me encontrei,
Muito procurei e muito chorei também,
A voz me foi muito incisiva,
Toma o caminho e volta a Jerusalém.
 
Percorri pelas vias dolorosas,
Até chegar ao monte do calvário,
Lá estava apenas uma cruz,
Mas alguém sussurrando me levava,
Para o tumulo do meu Senhor Jesus.
 
Adentrei por entre pedras,
Pensando encontrar o meu Senhor.
Senti em meu corpo um arrepio.
Olhei fundo ao sepulcro,
Mas ele já se encontrava vazio.
 
Senti na alma um calafrio,
Enquanto virava as costas,
Do tumulo ao pé da cruz ouvi o sim.
Te buscando em todos os lugares,
Enquanto estavas sempre  em mim.
 
Daquela voz eu ouvia,
O Senhor Deus está em todas as partes,
Os atos perfeitos e imperfeitos são a cruz,
Para partilhar do amor conosco,
Ressuscitou o nosso Senhor Jesus.
 
Rio, 06/01/2019
Feitosa dos Santos