As sete palavras da cruz
ANGÚSTIA
A palavra que segreda o esquecido.
A dor do Pai, o filho que criastes.
Toma de conta, a mente vil e insana,
o que de mau traz, a natureza humana.
Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes?
AFEIÇÃO
Sem gestos, a Mátrea aos seus pés chora,
olhando aquele céu quase sem brilho.
O coração da pobre mãe que tudo assiste.
O corpo quase sem forças, ainda resiste.
Mulher: eis aí, seu querido filho.
PERDÃO
Ali se encontra o Deus crucificado,
numa vil e terrível solidão.
Roga-lhe ao Pai para que não os destrua.
Inconsequente conduta que hora atua.
Devolva-lhes em troca, o perdão.
SALVAÇÃO
O corpo do inocente e imaculado Mestre.
Posto em meio a dois incircuncisos.
Um, reconhecendo a lei do mau julgado.
Seus pecados, deveras, estão perdoados.
Hoje mesmo habitarás comigo o paraíso.
SOFRIMENTO
Eis na cruz o Principe da paz,
a quem a humanidade tanto O condenou.
Ferido e abatido, o coração da Madre.
A água tão clara, se transforma em vinagre.
Na sexta hora da tarde o Mestre expirou
CONTENTAMENTO
Aos coxos e aleijados, o Cordeiro,
expressou o seu amor irrestrito.
Na cruz do calvário foi pregado.
O pecado do mundo, então perdoado.
Pai, a ti entrego o meu espírito.
VITÓRIA
E jaz o Mestre, agora preso ao madeiro.
Uma lança fere o corpo já magoado.
Momento horrendo e tão aviltante.
Ascende o rosto ao céu naquele instante.
De certo, tudo está consumado.