Reciclagem
Amontoado num canto qualquer,
Descartado pela sociedade,
Vejo-te jogado na rua.
Desvio-me de ti,
És um saco de esterco.
Mas, o esterco não é húmus?
Fecho meus olhos para o teu mal.
Eu não quero te contemplar.
Contudo, estás aí.
És um ser aí.
E, eu não estou nem aí.
És um resíduo urbano.
Mas, que parte de ti
Para uns há de gerar ganho?
Tu és o humano feito lixo.
Humano lixo ou lixo humano?
Sobra e resto biológico todo consumido.
Produto pronto para o descarte.
Material que ninguém quer.
E tu, quem és?
Prefiro não pensar...
Recuso-me a acreditar...
Sou teu Irmão!
Meu Deus, que posso fazer?
Levar-te a salvação?...
De conversão, preciso tanto quanto tu.
Fui eu quem não te reconheci.
Minha linguagem já não te pode alcançar.
No fundo, sou eu que preciso me reciclar...