Reciclagem

Amontoado num canto qualquer,

Descartado pela sociedade,

Vejo-te jogado na rua.

Desvio-me de ti,

És um saco de esterco.

Mas, o esterco não é húmus?

Fecho meus olhos para o teu mal.

Eu não quero te contemplar.

Contudo, estás aí.

És um ser aí.

E, eu não estou nem aí.

És um resíduo urbano.

Mas, que parte de ti

Para uns há de gerar ganho?

Tu és o humano feito lixo.

Humano lixo ou lixo humano?

Sobra e resto biológico todo consumido.

Produto pronto para o descarte.

Material que ninguém quer.

E tu, quem és?

Prefiro não pensar...

Recuso-me a acreditar...

Sou teu Irmão!

Meu Deus, que posso fazer?

Levar-te a salvação?...

De conversão, preciso tanto quanto tu.

Fui eu quem não te reconheci.

Minha linguagem já não te pode alcançar.

No fundo, sou eu que preciso me reciclar...

Frei Michel da Cruz
Enviado por Frei Michel da Cruz em 09/08/2012
Código do texto: T3822083
Classificação de conteúdo: seguro