YESHUA

Eu queria saber dizer tantas coisas,

Sei que sou mais um em meio à multidão,

No jogo da vida o menor, o peão,

Mas tua bondade quis saber meu nome.

Saber expressar tantos sentimentos eu queria,

Colocar em palavras todas as cores,

Da escura e sombria dor,

Chegar à perfeita alegria.

Ah, como me moldaste,

Do barro sem forma ao menino que sou,

Em tuas divinas mãos minha alma se expande,

Com um toque diz: ande, cante, plante.

Na senda da vida tropeçarei,

Algumas pedras a desviar, outras a carregar,

A esperança pulsa no coração,

Que vislumbrando o céu verei tua mão.

Na agonia os joelhos foram ao chão,

Tal o ancião curvado supliquei em lágrimas,

Não havia cor, não havia som,

E quando o sol apagou, vi como és bom.

Até então tinha apenas ouvido,

Até então com esperança crido,

Até então apenas falado,

Calado agora o milagre sentido.

Desde então se pôde sentir

Que as dores não importunam como antes,

O feio dá lugar ao belo,

Existe esperança ante o flagelo.

Desde então se pôde ver

Que a distância existe caso eu queira,

Ao toque das mãos,

Extirpa-se a cegueira.

Desde então se pôde falar

Na língua dos anjos,

No gesto do corpo,

Na promessa da terra aos mansos.

E assim eu faço, galgo o monte,

E quando o terreno ceder,

E quando a fadiga chegar,

Espero de ti o perdão merecer.