Arrebatamento.

 

E quando o céu troca com a Terra 

Estrelas por flores,

Topázios e aquamarines têm seus azuis ofuscados.

No céu, por sua vez, formam cúpulas multicolores, 

E a Terra tem as águas e o solo de anis salpicados…

Um céu de fragrâncias e beleza, em finíssimos olores,

Do céu vê-se a Terra, em anis e amores.

Parece a vinda de Cristo, pelo amor antecipado,

No Apocalipse de um poeta, num transe alucinado, 

E a Terra tornar-se-á céu, de forma derradeira, 

Enquanto o espírito retorna à sua Pátria Verdadeira.

E quando o céu a crosta, totalmente abraça,

A fluidificar a impura e densa matéria, 

Os caçadores já não mais incomodam a caça, 

E buscam o inédito êxtase da aventura etérea,

Onde assim, sóbria, vige a fluídica raça, 

Sem o pesar da indumentária deletéria.