A CRIANÇA QUE ME DEU A MÃO
Não tenho mais medo do vazio
Pois é ele que me deu forma
E vem suave caindo
Inventando e dando calma.
Não tenho mais medo da morte
Pois é ela que dá vida aos passaredos
E envolve a boa fortuna de
sorte
De almas amigas nos dias estrelados.
Não tenho mais medo da solidão
Pois é ela que me cria os encontros
E preserva as noites de comunhão
De sonhos e caminhos outros.
Não tenho mais medo da escuridão
Pois é dela que eu vim nascer
Na luz do alvorecer dessa canção
Transportando a centelha do renascer.
Não tenho mais medo do desconhecido
Pois é dele que me permito
Criar o aleitamento do divino
Enquanto o silêncio persigo.
Não tenho mais medo dos meus medos
Faço deles meu íntimo esconderijo
Enquanto escuto meus desejos escondidos
Abraço o precipício no início.
Sou a mesma criança que um dia me deu a mão
Essa mesma fonte que entrei sem saber
E me levou por casas e moradas do coração
E ontem ainda ela me pedia para lhe corresponder.