É ÓBVIO QUE SOMOS CEGOS

É ÓBVIO QUE SOMOS CEGOS

Ao defrontarmos com o óbvio,
De onde não podemos fugir,
É que lembramos do relógio,
Que nos dá sentido ao existir.

Pois quando acordo já são seis horas,
Ou bem mais cedo quando o galo canta,
Ciscando o terreiro com suas esporas,
Perante as galinhas que ele encanta.

Então, tudo passa a ser lógico,
Se de repente já estamos velhos,
Com o exemplo do filho pródigo,
A nos dizer porque somos cegos.

Não enxergamos além das montanhas,
Nem mesmo o que há diante de nós,
Mas queremos ser mais que piranhas,
Devorando as luas, planetas e sóis.

Agora, depois de tanto andar,
Percorrendo o globo às avessas,
Desdenhamos de tudo o que há,
Para crer e viver de promessas.

Muito embora saibamos que existe,
Um só Deus para nosso instinto,
O Universo sempre é o convite,
Para vivermos nos descobrindo.

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