GÓLGOTA DE FÉ

GÓLGOTA DE FÉ

Quando eu olhei,
Para o calvário,
Sem um denário,
Eu fui romano.

E naquela féria,
Do meu sustento,
Foi meu lamento,
Ou minha miséria.

Pois foi tão séria,
Que me grassava,
Como uma cigarra,
Sem ser Quitéria.

Pois a Bahia,
Selou meus sonhos,
Perante os tronos,
De quem impera.

Mas não foi César,
Quem o saberia,
Se meu calvário,
Foi no meu dia.

Naquele gólgota de fé,
E meu crânio lá no fundo,
Vi minha pedra em Gizé,
Sem gerânios pro defunto.

E foi então que percebi,
O quão a morte é medonha,
Se a dor que mereci,
Me faz morrer pela peçonha.

Porque num gólgota de fé,
O que importa se eu creio?
Se nem tocou para o recreio,
E a minha morte é marcha ré.

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Publicada no Facebook em 02/02/2020