QUARTA ORAÇÃO
(acompanhado de jingoma, coro e dança)
Sacerdote:
Honrada Guardiã dos segredos celestiais —
Kabasa é Tua cidade-templo feita supimpa
E posta a salvo em nossa vasta Memória
Como nas fundas vagas o cágado do rio
Que remonta aos primórdios do tempo!
Coro:
Eis as oferendas e um cântico mais sonoro
Que desvenda o presságio da vida telúrica
Quando entoamos na portada do santuário
A fim de invocar Tua aparição que fascina!
Sacerdote:
Teu nome é manhã de aves à beira da laguna
Tua beleza é verde vermelha de brenhas
Em flor, reavivando o sumo Solongongo —
Espetro espontâneo da montanha brumosa
Que de antemão se reflete na várzea!
Coro:
Pois a mãe da nuvem chuvosa sai a passeio
Com a cabra sacrificial da sacra valeira
Na consagração do Teu térreo chegamento
Junto à sombra da árvore kafufula e algo mago
Que Te acompanhara uma vez outrora!
Coro:
O rio Kwanza, longo, buliçoso e serpentiforme
É fonte geradora da nossa fé que aqui deflui
Em ligação eviterna com os antepassados
— As gerações decorrentes no ciclo da vida
E a origem de tudo em todo entorno!
Sacerdote:
Com almas erguidas à semelhança de galhos
Concedemos-Te o impulso do coração devoto
Em preces a Tua presença tão inestimável —
Tu que nos legaste tal rito de rica essência
Coro:
E agora prostremo-nos todos no altar ancestral
Ofertando oblatas à eminente divindade nossa
Guardiã dos segredos de Ngana Nzumba
Que malgrado tantos perfazeres e afazeres
Continua a benfazer, atendendo às súplicas
De todos nós —
E vós outros!
Jingoma – batuques.
Solongongo: Espírito da grande ave de rapina.
Ngana Nzumba – o planeta Marte.
Escrito em Kimbundu. Tradução Portuguesa do Autor.