O PRATO DAS ALMAS
(acompanhado de pwita, jingoma e dança)
Venho com o prato das almas em mãos
E oferto oblação aqui no altar ancestral
Sob Teu luar — meu testemunho ocular!
Oh Kiximbi! Dona de tempos pluviosos—
Prosterno-me inda perante a Ti
Nesta vida terrena como na outra
E para mais, o céu troveja de subitâneo
—O pirilampo desponta do vale sagrado
E as térmitas de asas voam à uma e agora
Quais génios do reino subterrâneo
Elas festejam a vinda da chuva tardia
E o sucessor na herança do rebanho
Que o muxakatu revela pelos ares
Ligados ao presságio no tempo em redor!
Minha Senhora de nascentes cheias—
Venho com o prato das almas em mãos
Invocando Teu amparo em grande apreço
Como que avivar o lume de Kabasa
A fim de aplacar o desamparo de Hitu
Que começa por clamar nos arrabaldes:
Ei-la aqui, a noite da malvada coruja—
Se não desejais desgraça ao vosso lar
Achegai-vos, desde já, à lua que anda
Às soltas
E ofertai comeres às almas dos mortos!
Kiximbi: deusa dos rios e das lagoas.
Muxakatu: Instrumento de adivinhação.
Kabasa: Estrela, irmão astrológico de kakulu.
Hitu: deus dos desertos e esterilidade.
Escrito em Kimbundu.
Tradução portuguesa do Autor.