APESAR DE TUDO É NATAL

O menino de rua

Ganhou de presente

Algemas

Porradas

E tiros

Tantos

Que o legista

Por pura preguiça

Desistiu de contar. . .

No dia vinte e cinco

Em caixão de quinta

O funeral

Pai desconhecido

Família ausente

Com medo da polícia

Antes de sepultar

Gritou o coveiro

Sem qualquer piedade:

- Vá pro inferno,

Pivete filho da puta!

Mas o que ele não via

Enquanto o ódio destilava

Da cova um anjo subia

E outro anjo

A mão lhe dava

E envoltos em luz

Perdiam-se no infinito

Em direção a Jesus.

- por JL Semeador de Poesias, em 22/12/2014 -