Caminho
Estamos caminhando
Há séculos por uma versão
Do universo
Que repugna deuses de criação
De sentimentos, de emoção...
E dos livros solenes que escrevemos
Mergulhando profundos nos nossos termos
Ferindo os olhos puros das servas freiras
Com nossa audacidade de liberdade!
Precipitados
Mas não errados
Cansados de viver como lacaios
O mundo nos toma forma!
E somos nós a fazer o dilúvio
E fazendo jus às nossas mudanças
Atribuimos a Deus as únicas constâncias
Se é que ele sobrevive em nossos corações
Se ainda não morreu de planos em desilusões
E seu bálsamo desde muito preparado
Aguarda o dia do retorno
Sábio como sempre moldado
E destemido de abandono...
A natureza em convecção mergulha
Limpida, se corta como agulha
E tantas vezes
Se recombina
Quanto for a sua sina
Para novos gérmens brotarem
Sementes se carregarem pelos cometas
Criarem raízes em novos planetas
E sob vastos cataclismas
Rejuvenescerem a fronte
Desde a dança cósmica das cordas
Ao baile de máscaras dos elétrons
Às naves endossimbóticas
Dos tecidos da inteligência
A vida evolui nessa permanência
E muitas vezes já previram
Que Irá se derrubar
Tudo aquilo que já geriram
E como a esperança é a última que se morre
E é muito lógico que os Deuses, e isso não se torce,
Se constituem da energia e da massa que também nos acolhe
Em passos difíceis como os nossos,
Poderemos! um dia confraternizar, sem maiores esforços,
Nessa valsa explêndida em que caminhamos pomposos.