Vênus

Oh Vênus, grande amorosa,

Tentaram esquecer de ti,

Mas sua natureza é histórica,

Sempre há de persistir.

Dádiva do amor mais puro,

Sem preconceito com o sexo,

Conduzindo a vida no mundo,

Sobre flores é regido seu império.

Podem chamar-te como desejarem,

O amor está implícito,

Receba todos que te homenagearem,

Somos seus filhos.

Faz florescer esse mundo amargo,

Com sua pele intocável,

Mas sensível a tudo que foi criado,

E nós insensíveis a seu mistério inviolável.

Afrodite que inspira os corações,

Afrodisíaca nas relações,

Seu legado é a sobrevivência de gerações,

Os beijos são suas mais belas canções.

Mataria qualquer mortal com seu amor,

Sua força de sentir é divina, inesgotável,

A nós cabe uma fração, seja ela qual for,

O que torna nossa vida menos miserável.

Sabemos da sua força arrebatadora,

A paixão trucida tempestuosamente,

Os que buscam união tranquilizadora,

Estão mortos para sentir plenamente.

Venusianos, cada um dos seus pequenos Eros,

Amando-se mesmo sob o ardil do romantismo,

Loucos de um desejo que temos por cego,

Assim seguimos, por essa vontade movidos.

Que infinitas esttátuas e obras de arte,

Fossem feitas para te glorificar,

Ainda faltaria algo, a de Milos mostra que falta uma parte,

Pra louvar sua figura é preciso amar.

É o símbolo maior do amor,

De tão forte o sentiu,

Que de você extravasou,

Assim, a Eros pariu.

Um bom Filho da Mãe, esse deus pequenino,

Não de qualquer uma, mas da primeira,

Até o chamaram, com delicadeza, de Cupido,

E este rebelde flechou quem o concebera.

Mesmo assim ama teu filho,

Ame também a nós, ou mesmo odiando,

Sinta amor pela ira, ódio vivo,

Todos nesse fluxo de sentimentos ufanos.

Que o Olimpo seja feito de gozo,

Cachoeiras transbordantes de orgasmos,

Cantos como gemidos de prazer guloso,

Carícias de um erotismo e sensualidade orgiásticos.

Arrancaram-lhe os braços, não a vulva,

Seu cálice continue recebendo e derramando,

Por você nascemos e retornamos na sepultura,

Sendo acolhidos pelo seu ventre santo.

Deusa da luxúria primal,

Onde as prostitutas são livres,

O envolver de corpo ritual,

Nesse ambiente, tudo se permite.

Tantos devem a ti, não há dúvida,

O que seria de Baco sem seus bacanais,

Sua contribuição nesse culto é muita,

Sem contar as investidas secretas clericais.

Rainha da libido,

Promoveu a ciência freudiana,

Um dos mais antigos mitos,

Poderiam chamá-la de Inanna.

Vênus, essa é uma declaração de amor,

Com sua permissão diante do que é seu domínio,

Enquanto vivermos você será nosso motivo inspirador,

Morrer de amor podemos, sem amar é um venuscídio.