Um Velho
Num casebre esquecido,
Em meio a um ar campestre,
Vivia um velho sozinho,
À solidão e ao rústico estava entregue.
Apreciava a vida passar,
Sentado em sua cadeira de balanço,
Pitava um cigarrinho de palha,
Levava uma vida de grande descanço.
Vivera com dignidade,
Cirou os gilhos,
Aprendeu o valor da idade,
Enfrentava conflitos.
Numa noite de quarta-feira,
Daquelas habituais que nem contava,
Um visita em sua casa aparecera,
Foi convidando a entrar pela casa.
Um sujeito alto de pele lívida,
Com modos muito grã-finos,
A voz era serena e limpa,
Os olhos tinham um estranho brilho.
O velhote contou de suas histórias,
O sujeito recusou o café educadamente,
Ouviu os casos com atenção por horas,
Depois deixara um sorriso cordialmente.
Sem muitas delongas,
Levantara-se abruptamente,
Suspendendo da poltrona,
O corpo do idoso já doente.
Disse ao velhinho,
Está morrendo e vou facilitar,
Sua partida antecipo,
Vai para seu céu num piscar.
Mordeu-lhe o pescoço,
O idoso estremecia,
Foi rápido e proveitoso,
O sangue colhado fluía.
Absorveu uma torrente de memórias,
Sabia que assim aproveitava bem a velhice,
Quantos não conhecem essa glória,
Poder aproveitar o conhecimento de quem vive.
O coração fraco daquele corpo frágil,
Logo iria sucumbir ao poder do algoz,
Mas antes desse ato mortalmente fácil,
Resolveu dizer algo para aquele velho herói.
Sabes que sou um vampiro, meu bom velho,
Sinta-se orgulhoso por morte tão digna,
Se do outro lado atingires um sobrenatural etéreo,
Fique tranquilo, cumpriu seu papel em vida.
Cravando as presas numa segunda vez,
O decrépito não resistiu e se entregou,
Abandonado na casa que ele mesmo fez,
No pasto verdente o demônio o sepultou.