Édipo
Teriam noção sobre
O que é ser rejeitado,
Um rei que soube,
Através do oráculo.
O filho, dado como morto,
Sobrevive longe do reino,
Cresce e dá seu troco,
Cumpre a profecia com o tempo.
Num duelo banal,
Assassina o pai desconhecido,
Livra-se do drama moral,
Sente-se satisfeito pelo assínio.
Seguindo seu caminho,
Agraciado pelo destino,
Encontrará novo abrigo,
Nas terras d'um povo oprimido.
Aceitará o desafio,
Digno de seus desígnios,
Irá lidar com o inimigo,
Que ninguém havia vencido.
Se colocará de pé,
Diante da Esfinge,
Guiado por sua fé,
Nada mais o atinge.
O monstro colossal,
Dará sua setença enigmática,
Personificando o mal,
Seu terror colocado em prática.
Ou decifras a charada,
Ou será devorado como os outros,
Diante desta encruzilhada,
Só sobrevivem uns poucos.
De manhã com quatro pés eu ando,
À tarde, com dois me locomovo,
À noite, três utilizo para seguir andando,
Responda, quem sou eu? - Sr. Herói do Povo!
Édipo sem pestanejar disse:
- Sou o "Homem"! Que primeiro engantinha,
Depois amadurece bípede,
Por fim envelhece e com bengala caminha.
Criatura abominável que foi destruída,
Surgindo um novo reinado,
Mas ainda a paz estaria longe de ser constituída,
Muito ainda a ser revelado.
A visão oracular foi taxativa,
O assassino do rei, reina,
Mas a premonição acusava a família,
O filho matava na lenda.
A verdade surge avassaladora,
O filho bastardo retorna ao lar,
Desposa a mãe como sua esposa,
Tem consciência da morte do pai.
Banido para aplacar a fúria dos deuses,
Relegado ao seu evidente destino trágico,
Não fugindo de seu papel que tantas vezes,
Se fez manifesto neste aterrador presságio.