O BROTAR DE UM POETA.

( À Enseada do Paraguaçu)

O canto pontual do galo,

Anunciando a alvorada;

O despertar preguiçoso;

O sinal da cruz;

O areador de dentes de arueira;

A carícia do sol nascente;

O leito do riacho;

A água fresca e límpida;

O gorjeio do cardeal, da sabiá, do bem te vi...

O café com batata doce, aipim, pamonha...

O caminho da roça;

A foice, a enxada, o suor...

O plantio de mandioca, do amendoim...

A casa de farinha, o beiju;

O calção, o suspensório, as alpercatas;

A escola, as primeiras letras, o primeiro caderno;

D. Clarice, a sabatina, a palmatória;

A igreja, a missa o poente;

As noites de lua cheia, as brincadeiras:

TRÊS, TRÊS, PASSARÁ/DERRADEIRO FICARÁ...

A roda, a cabra-cega:

PAI FRANCISCO ENTROU NA RODA/TOCANDO SEU VIOLÃO...

VÉM DE LÁ SEU DELEGADO/E PAI FRANCISCO FOI PARA A PRISÃO...

O primeiro beijo;

O primeiro amor, a primeira poesia;

A puberdade, o desejo, a libido;

O recolher, o colchão de capim;

A prece, o adormecer, os sonhos...