Fotocópias

Outro assinou pelos livros

Que de meus monólogos haveriam de saltar!

No chão já não provém abrigos

Árvores que mi’as mãos deveriam cultivar!

E Pelo que não criamos,

E Pelo que não zelamos!

Somos relés fotocópias!

Duma imperfeição imperativa!

A esmaecer no calço das repartições!

Na indisposição funcional do atendente,

Um desapreço pela graça do sustento!

Em sua pele o cancro sobressalente,

No abandono toma posse do sujeito!

E pelo que não agradecemos,

E pelo que não remediamos!

Somos moldes em barro!

Trincados em vestes grosseiras!

Exclusos de qualquer admiração

Por parte do ceramista,

Por parte da clientela,

Em parte pelo que não notamos,

Em conjunto pelo que não queremos,

Em todo pelo que não fazemos,

Em tudo pelo que não desculpamos.

Fabio R
Enviado por Fabio R em 18/08/2008
Reeditado em 05/04/2009
Código do texto: T1134658
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