E para sempre vou te amar
Donna, se eu vier a ti amar
Assim, apenas por ti contemplar
Por átimo somente,
Não me culpe
Sou um espírito fraco
Que tem coração grande
Que já apertado no peito
Não pode direito se acomodar
E vive por isso em agonia
Leva-me a criar fantasias
Mas não se preocupe
Elas jamais vão te incomodar
Quando o coração está apertado
Não se respira direito
Os delírios são muito comuns
E é assim mesmo sem jeito
Não as posso evitar
Por isso se eu te vir
Se eu te mirar
É porque entrei em outro mundo
Normalmente sou muito tímido
Meus olhos não se elevariam
Ao nível dos teus
E apenas passaria em silêncio
Absorto nos meus pensamentos
E talvez nem ti percebesse
No entanto
Em estado anormal
A ti veria
Como a coisa mais bela
O som mais mavioso
O silêncio mais profundo
O claustro mais desejado
A sombra mais amiga
A mão mais amigável
E nos teus olhos
O espelho mágico...
Por isso Donna,
Desculpe-me se te olhar assim
Eu tento evitar
Mas na maioria das vezes não consigo
Muitos dizem que vivo a sonhar
Que não vivo a vida verdadeira
E que os meus sonhos
São os motivos das minhas tristezas
Por não os poder realizar...
Eu as ouço
As pessoas são boas
Querem ajudar
No entanto ao mesmo tempo
Que me falam
Depois que se vão
Eu fico a pensar
Se o sonho realizado era de fato um sonho
Sonhos são sempre sonhos
Sonhos existem para não se realizar
Objetivos se atingem
Anseios se realizam
Desejos
Buscas terminam
Mas os sonhos não podem se realizar
Não são sonhos esses
É preciso aprender a sonhar
Meus sonhos são meus amigos
Estatizantes do tempo
Em que estão nascendo e se formando
Se lapidando e se guardando
Na mente deste que vos está a falar
Donna os sonhos abrem parênteses
No Tempo,
É um momento imorredouro
Para o qual sempre se pode voltar...
É preciso saber sonhar
Os sonhos não machucam ninguém
Não há sonhos decepcionantes
Mal algum os sonhos podem causar
São aves sinfônicas
São pincelas mágicas
Tapetes voadores
Que não se negam nunca a ti carregar
A qualquer lugar dos mundos
Para ver mundos
Para andar em mundos
Para conversar com os habitantes desses mundos
É preciso saber sonhar
É preciso ser mais leve que o ar...
Donna, se eu vier a ti amar
Não haverá nada mais puro que esse amor
Mas não me despreze tão cedo!
Se eu vier a ti amar
Não quer dizer que venha a tentar te conquistar
Porque o coração inchado que tenho
Não tem razão, não é um ser,
Não sabe, portanto escolher,
E isso é bom,
Quem escolhe não ama,
O amor não tem faces
Nem cores
Nem classes
Nem odores
O amor Donna
Não tem forma
Nem formula
Não tem dinheiro
Não tem pobreza
O amor é aquilo que
Os sentidos almejam
Sem poder alcançar
Pois como eles
O amor é da mesma natureza...
Não se pode escolher
É perda de tempo
E limitação
Escolher a quem vai amar
Qualquer coração
Mas não me despreze tão cedo
O meu amor fica sempre em segredo
Nunca vou te constranger ao ti falar
Das coisas que são intimas demais em mim
Pode ser que você não venha alcançar
Toda a grandeza
Dessa beleza
Que é amar
Dessa forma
A mais certa
Sem nada esperar....
Donna, se eu vier a ti amar
Será dentro dos meus sonhos
És como uma bromélia
Que florescida
Condenada estás
Todavia
Na minha via
Vou observando
Outras bromélias surgindo
A partir das que estão morrendo,
Seus ápices atingindo...
Mas não me despreze tão rapidamente,
O espetáculo da natureza é imorredouro
Para a mente alargada
Que aprendeu a sonhar
E manter os sonhos vivos
Para a eles
Quando preciso retornar
Pois que te vi
Creia que não a esqueci
E para sempre vou te amar
Sem que jamais a veja,
Isso é possível,
Mas no meu coração que sempre sente
Vai estar guardado o pedaço de tempo
Em que me fizeste sonhar
Em que me fizeste feliz
E pelo qual serei grato eternamente...
Donna, eis que outro sonho me acorda...
A vida dentro da fantasia, reinventada,
Também vive,
E esta não morre...