Deixa-me ir...
Me deixa morrer...
Confusa, numa profana ingenuidade
De que o sangue é liberdade,
E o último suspiro a solidão...
Me deixa morrer
Difusa, sem cores psicodélicas,
Do roxo ao preto hipodérmico,
Como se maquiada estivesse...
Me deixa morrer caralho!
Com gosma na boca
E rigidêz das mãos,
Numa exata certeza
Da podridão...
Morrer, morrer...deixa.
E quando meus olhos
Não mais se abrirem,
Toca minha fronte e percebe
O quão frágil são os humanos
E suas prioridades...
Deixa-os morrer de saudade,
Nem que para isso
Eu precise ir...morrer, partir.
O infinito me espera
Com suas agruras, seus ares,
Suas incertezas...
E meu corpo sobre a mesa
Destoa da côr desse caixão.
Me deixa morrer porra,
Nem que para isso precise dar as mãos
E morrer comigo.